A dependência emocional é uma condição comum em diversos relacionamentos, mas muitas vezes não é tratada como deveria, pois diversas pessoas sequer se dão conta disso. O motivo é que esse comportamento não é facilmente identificado por quem está dentro da relação.
Na maioria das vezes, manifesta-se de maneira irracional devido a fatores subconscientes. Sendo assim, o melhor a se fazer é procurar a ajuda de um terapeuta experiente e qualificado. Dada a importância do assunto, decidimos fornecer mais detalhes sobre ele. Confira a seguir.
O que é a dependência emocional?
Quando se trata de dependência emocional, muitos associam imediatamente a relacionamentos românticos. No entanto, essa condição também pode ocorrer em amizades e relações familiares. Em situações como essas, a maioria das pessoas não percebe que está enfrentando esse problema, o que atrasa ou impede totalmente a busca por ajuda profissional.
A dependência emocional surge quando alguém deixa de manter uma relação estável e saudável por escolha própria, passando a viver em função de uma obrigação. Nesse contexto, não há prazer e carinho, como deveria haver, mas sim uma sensação de possessão.
Dessa forma, o dependente emocional tende a sufocar sua parceria com necessidades e frustrações, inundando-a com um grande vazio emocional. Por esse motivo, é muito comum observar chantagens e manipulações partindo daqueles que estão sendo afetados.
Quais são as causas da dependência emocional?
1. Desejo de ter alguém do lado
Muitas pessoas que enfrentam a dependência emocional em seus relacionamentos acreditam que não há nada pior do que amadurecer sem uma parceria. Por isso, acabam entrando em um estado de desespero, fazendo de tudo para manter uma relação, mesmo que seja abusiva e tóxica.
Além disso, essas pessoas consideram o ciúme em excesso como uma demonstração de amor. A ponto de, na ausência desse tipo de obsessão, começarem a acreditar que o parceiro não está satisfeito. Assim, são mais propensas a se tornarem dependentes emocionais
2. Abandono afetivo
O abandono afetivo é um dos principais fatores que contribuem para a dependência emocional em relacionamentos amorosos. Seja ele físico ou emocional, é comum que desencadeie emoções negativas que se transformam em traumas a longo prazo.
Entretanto, muitas pessoas não percebem que estão vivenciando esse quadro. Buscando preencher o vazio resultante, elas procuram alguém que possa atender às suas necessidades. Quando um indivíduo não recebe o amor de um pai, por exemplo, pode começar a tentar demonstrar que é capaz de ser amado e valorizado.
Por esse motivo, encontramos pessoas que pulam de um relacionamento para o outro. Na verdade, elas aceitam se envolver em qualquer relação por medo de ficarem sozinhas. Isso resulta em um apego excessivo, sendo que a única saída muitas vezes é buscar ajuda de um profissional.
3. Excesso de zelo
Nesse caso específico, o excesso de zelo resultante da dependência emocional corresponde a uma criação em que a criança não tinha liberdade; ou seja, era impedida de explorar e compreender o mundo ao seu redor. Dessa forma, essas crianças crescem sem saber como realizar tarefas básicas, sempre necessitando de alguém por perto.
A consequência disso é que, na vida adulta, esse indivíduo enxerga seu parceiro como uma fonte de segurança, alguém responsável por sua qualidade de vida e bem-estar. Tanto que, se a pessoa não estiver bem, o dependente também começa a demonstrar oscilações de humor.
4. Falta de confiança em si
A falta de confiança na própria capacidade também está associada à baixa autoestima. Por conta disso, o dependente emocional acredita que não é suficiente para nada, perdendo a fé em sua habilidade de se relacionar com outras pessoas.
Essas pessoas dizem a si mesmas que são desinteressantes. Desse modo, diminuem-se para satisfazer a parceria, independentemente das consequências. Isso ocorre quando a pessoa dedica a maior parte do seu tempo ao outro, funcionando como uma forma de idolatria.
5. Necessidade de se sentir amado e valorizado
Um indivíduo com baixa autoestima frequentemente realiza ações para agradar a pessoa amada, mesmo que isso a prejudique de alguma forma. Atitudes desse tipo indicam que ele está constantemente tentando atender às necessidades do outro em detrimento das suas.
Quando acreditamos que não somos capazes de realizar algo, acabamos nos tornando submissos. E quando chegamos a esse ponto, a dificuldade de expressar nossos desejos aumenta. Consequentemente, é comum observar pessoas enfrentando situações embaraçosas apenas para manter o parceiro sempre por perto.
Quais são os sintomas dessa condição?
1. Idealização
Esse é o ato de transformar o outro em uma pessoa totalmente especial, como se não cometesse nenhum erro e fosse superior a qualquer outra. Dessa maneira, ele é colocado em um pedestal. Além disso, isso torna o término ainda mais distante, fazendo com que o dependente emocional não perceba o que está errado na relação.
2. Incapacidade de ficar sozinho
Grande parte das pessoas com apego excessivo tem um medo total da solidão. Por isso, começam a fazer de tudo para manter o parceiro em suas vidas. Devido a isso, podemos observar como elas vão de um relacionamento para outro a fim de preencher o seu vazio.
No entanto, essa estratégia nunca é eficaz. Na verdade, prejudica ainda mais a saúde mental. Em vez de procurarem maneiras de se livrar da dependência emocional, acabam se entregando e afundando cada vez mais no problema.
3. Vontade de ter atenção
O desejo por atenção é o anseio de obter reafirmações de afeto. Assim, quem sofre acaba implorando por carinho várias vezes. A situação torna-se ainda mais desgastante, pois a pessoa amada se sente sufocada. Afinal, não é fácil atender às necessidades de outra pessoa.
4. Sensação de insuficiência
Essa sensação é a grande responsável pela baixa autoestima e insegurança. A partir disso, o dependente está sempre se comparando com outras pessoas. Portanto, o comportamento da pessoa amada com outros indivíduos é o suficiente para que ele comece a criar situações em sua cabeça, ficando triste e irritado.
5. Fingir que os problemas não existem
Pessoas que sofrem com dependência emocional em relação a outras costumam ignorar problemas do relacionamento apenas para fingir que está tudo bem. Elas são incapazes de expressar seus descontentamentos por medo do que a parceria vai pensar.
No entanto, isso não torna a relação mais estável, como muitos pensam. Agir assim apenas contribui para desgastes e complicações, tornando ainda mais difícil expressar o que se quer e o que se sente. É comum encontrar relacionamentos assim permeados por insatisfações, tristeza e frustrações.
6. Sentimento de culpa
A sensação de culpa está presente na vida das pessoas que estão vivendo um relacionamento dependente. Mesmo que a pessoa não tenha interferido em nada, ela acaba assumindo toda a culpa em diversas situações, causando uma sobrecarga muito grande.
Além disso, torna-se responsável por coisas que não fez. Mesmo que isso seja muito prejudicial, o que importa é manter o parceiro por perto e preservar o bem-estar dele. No entanto, atitudes assim podem gerar uma sensação de sufocamento
7. Mudanças de humor
A mudança de humor ocorre quando uma pessoa tem suas emoções controladas de acordo com as emoções do seu parceiro. Por exemplo, se ele está se sentindo bem, o dependente emocional também se sente bem. O oposto também acontece!
Assim, quando o companheiro fica mal por algum motivo, acaba tendo suas atividades do dia totalmente prejudicadas. Portanto, pessoas assim tendem a absorver os problemas dos outros para cuidar e acabam se esquecendo dos seus próprios.
8. Deixar os próprios planos de lado
Pessoas emocionalmente apegadas tendem a deixar de lado seus próprios problemas para satisfazer o desejo do outro, mesmo que isso tenha alguma influência negativa. Elas ainda costumam desmarcar compromissos que não envolvem a presença do parceiro, apenas para ficar ao lado deles.
Por esse motivo, não conseguem ficar sem companhia e aproveitar outros momentos. Desta forma, usufruir de alguns hobbies começa a ser um desafio difícil. Isso aponta para uma perda de prazer em atividades que antes eram prazerosas, como uma simples caminhada ou ir ao parque, por exemplo.
9. Falta de autonomia
O apego excessivo gera a dependência emocional na relação! Por diversas vezes, isso ocorre de forma irracional. Uma pessoa deposita muitos afazeres na outra, visto que não consegue tomar decisões sozinha, especialmente aquelas que têm grande relevância.
Para isso, é preciso pedir opiniões até obter aprovação. Por esse motivo, os dependentes emocionais veem o parceiro como centro do mundo, vivendo uma vida que não é verdadeiramente deles.
10. Constante busca por reconhecimento e aprovação
Pessoas dependentes emocionais fazem de tudo para serem reconhecidas pelo parceiro. Elas sentem como se precisassem de aprovação para tudo o que fazem. Assim, fazem de tudo para agradar e se frustram quando não são aprovadas
11. Medo do término
O receio do término decorre da insegurança e dos problemas existentes na relação dependente. Com isso, uma pessoa com dependência emocional sempre pensa que o companheiro está querendo terminar, mesmo que a relação esteja boa, sem problemas naquele momento.
Consequentemente, o dependente passa a apresentar comportamentos irracionais, podendo ser vistos como paranóicos ou neuróticos. Ele cria situações na própria cabeça que demonstram a necessidade do outro de acabar com o relacionamento.
12. Ciúme e controle excessivo
O ciúme e a tentativa de controle estão presentes na vida de quem sofre de dependência emocional. Isso faz com que o parceiro fique ‘proibido’ de dar atenção a outras pessoas. Isso indica que há um grande incômodo a partir do momento em que ele passa a conversar ou sair com amigos.
Em situações assim, não importa se o amigo é algum familiar ou conhecido de infância. Na maioria das vezes, esses sentimentos são desencadeados por algum trauma ou decepção do passado. Se uma pessoa já foi traída, por exemplo, ela tende a carregar alguns receios.
Como a dependência emocional afeta sua saúde mental?
De forma geral, a dependência emocional pode se manifestar de várias maneiras, como: busca por atenção, aprovação e validação, medo de ser abandonado, ciúme em excesso, baixa autoestima e vários outros, como foi mencionado acima.
Essa dependência pode aumentar drasticamente os níveis de ansiedade, insegurança e depressão, por causa das necessidades constantes de validação e aprovação dos outros para estar bem consigo mesmo. Em relacionamentos amorosos, as pessoas que apresentam esse comportamento têm dificuldade ao lidar com a solidão e a separação. Assim se envolvem em relações tóxicas e abusivas, por exemplo.
Um indivíduo emocionalmente dependente também pode se considerar incapaz de tomar qualquer decisão de forma independente, o que dificulta a realização dos seus objetivos pessoais e profissionais.
Como superar a dependência emocional?
1. Desenvolva mecanismos de enfrentamento e pratique o autocuidado
É importante encontrar maneiras saudáveis de lidar com o estresse e as emoções para superar a dependência emocional. Isso inclui atividades individuais, como meditação, algum hobbie ou exercícios físicos.
Igualmente, é preciso priorizar o autocuidado, estabelecendo limites saudáveis e reservando um tempo para si mesma. Isso se torna fundamental para a recuperação da independência!
2. Desenvolva autoconsciência e reflexão
É importante pensar e refletir sobre seus padrões de pensamento e comportamento para se tornar consciente de suas tendências de dependência emocional. Isso pode ser feito principalmente por meio de terapia.
Além disso, a reflexão em situações assim ajuda a identificar os gatilhos emocionais que desencadeiam a dependência e a entender melhor as suas próprias necessidades não atendidas.
3. Eleve a autoestima e autoconfiança
Trabalhar na construção da autoconfiança e autoestima é primordial para superar a dependência emocional. Isso pode ser feito através do reconhecimento de suas próprias qualidades e conquistas, buscando o crescimento pessoal e desafiando as crenças negativas sobre si mesma. Por fim, lembre-se do seu próprio valor e o quanto merece relacionamentos respeitosos e saudáveis.
4. Defina seus limites
Aprender a estabelecer limites saudáveis e expressar as próprias necessidades e desejos de forma direta é fundamental! Isso envolve aprender a dizer “não” quando precisar, além de comunicar suas emoções e limites de forma respeitosa e clara.
Praticar a assertividade pode ser difícil no começo, mas com o tempo e a prática, é possível aumentar a confiança em defender suas necessidades emocionais.
5. Procure por ajuda
Quando se está em uma relação de dependência emocional e consegue identificar isso, busque apoio de amigos, familiares e, se possível, de um profissional de saúde mental. Isso é essencial no processo de superação. O suporte profissional auxilia na hora de identificar padrões e desenvolver habilidades saudáveis de sociabilidade.
Além disso, compartilhar as próprias experiências e sentimentos ajuda a aliviar o sofrimento emocional e fornecer uma nova perspectiva sobre seus relacionamentos.
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Fontes: Amor Saúde; Amor Saúde²; Psiquiatria Paulista; Estado de Minas; Zenklub;