O romance é algo percebido de forma única por cada pessoa. Ao ouvir essa palavra, muitos imaginam um jantar à luz de velas, beijos apaixonados e um cinema a dois. Essas são coisas que frequentemente vemos em novelas e filmes românticos. Por isso, estamos sempre em busca do par ideal para viver o tão sonhado amor romântico.
Entretanto, o que realmente define esse termo, ao contrário do que se imagina, não pode ser resumido apenas a um relacionamento a dois ou uma emoção, muito menos pelo que vemos na mídia. Então, o que é o amor romântico? Acompanhe conosco a seguir.
O que é amor romântico?
Temos a sensação de estarmos sendo redundantes ao falar de “amor romântico”. No entanto, ao analisarmos cuidadosamente a história da humanidade, percebemos que amor e romance não são necessariamente sinônimos. Na Roma e Grécia antigas, embora o amor fosse idealizado na arte e literatura, não era um aspecto de extrema importância na vida das pessoas.
A formação de famílias após o casamento era motivada pela economia e política. Enquanto isso, o amor era considerado um sentimento perigoso que poderia desvirtuar as pessoas de seu papel social. O conceito que hoje temos de amor romântico surgiu na Idade Média, mais precisamente na literatura europeia.
Conhecido como “amor cortês”, esse ideal enfatizava a devoção, admiração e reverência por uma mulher nobre e inalcançável. Diversas formas de expressão artística, como o Romantismo, por exemplo, “cantavam” esse ideal e falavam sobre um amor puro e transcendental. Isso inspirava o amante a se tornar uma pessoa melhor.
No entanto, assim como na Antiguidade, esse conceito não se refletia nas relações da vida real. Assim, o Romantismo trouxe à tona um movimento que deixava de lado as ideias de racionalidade do Iluminismo, focando-se nas emoções humanas, no individualismo, na imaginação, na natureza e na transcendência.
Até hoje, podemos nos deparar com essa influência em todas as expressões artísticas possíveis, como em livros literários clássicos que retratam amores que terminam com um “felizes para sempre”, assim como em músicas que narram dilemas amorosos, em comédias românticas modernas e em várias outras formas de arte.
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Quais são as características do amor romântico?
Esse amor é considerado um sentimento diferente e superior às necessidades fisiológicas puras, como a luxúria ou o desejo sexual. Normalmente, ele envolve uma mistura de desejo emocional e sexual, o que dá mais ênfase às emoções do que ao prazer físico. Ao contrário do amor platônico, que se concentra no aspecto impessoal ou espiritual.
Analistas contemporâneos afirmam que as características mais marcantes do amor romântico são confirmadas e disseminadas em filmes, histórias literárias e canções. Este é um afeto que, presumivelmente, deve durar toda a vida, ser exclusivo, incondicional e implicar em um alto grau de comprometimento.
Um grande aspecto do amor romântico é a aleatoriedade dos encontros que levam ao amor. Historicamente, a cultura ocidental enfatizou o amor romântico muito mais do que em outras culturas onde os casamentos arranjados são a norma. No entanto, a globalização espalhou ideias ocidentais sobre amor e romance.
Quais os problemas em acreditar no amor romântico?
Historicamente, podemos observar que o amor romântico é, na realidade, diferente do que acontece no mundo real, quase como se o romantismo tivesse dificuldades para florescer devido à complexidade humana. Se o romantismo é o oposto da racionalidade, será que é possível encaixá-lo no mundo concreto?
Se você já se apaixonou por alguém, sabe que os relacionamentos envolvem muito mais do que apenas sentimentos; eles incluem uma miríade de emoções intensas, atração física, idealização e diversos aspectos. A maior problemática do amor romântico está, justamente, na dificuldade de se traduzir em concretização.
O amor romântico reforça a desigualdade de gênero ao impor que o homem deve ter a atitude de buscar a mulher primeiro, enquanto elas precisam ser passivas e receptivas, por exemplo. Outra forma de reforço é a ideia de um príncipe encantado, ou o homem que vai “salvar” a mulher.
Além disso, o amor romântico ainda obriga a mulher a seguir um padrão de beleza específico para que pareçam mais desejáveis no olhar dos homens, enquanto eles são julgados pelo dinheiro e status. Por fim, esse amor transfere toda a responsabilidade do trabalho afetivo para elas, esperando que ofereçam apoio emocional, ouvindo os problemas do parceiro e cuidando dos filhos. Isso reforça a ideia de que as mulheres são emocionais, enquanto os homens são mais racionais.
O amor romântico é totalmente nocivo?
Vale ressaltar que o amor romântico, em si, não é uma coisa ruim. Essa experiência humana tão intensa, que chamamos de amor, é um complexo conjunto de sensações físicas e emocionais que nos toca profundamente por meio da proximidade e intimidade que existe entre todos os indivíduos. Ele pode, de fato, ser uma experiência satisfatória para muitas pessoas.
No entanto, as normas prejudiciais da sociedade que perpetuam a opressão de gênero e raça podem interferir nas relações românticas, transformando o vínculo em algo profundamente tóxico e, muitas vezes, prejudicial. Portanto, falar sobre amor romântico precisa, antes de tudo, partir de um desejo de desafiar e desconstruir essas expectativas e “regras” prejudiciais.
A resposta para isso está, como sempre, na educação e no conhecimento, no incentivo do respeito e a comunicação. E, além disso, na priorização da diversidade e da inclusão. Quando aprendemos mais sobre onde estamos errando, promovendo atitudes melhores, e chamando quem está de fora para participar, conseguimos desafiar ideais negativos que nos ensinam de forma errada o que é amar.
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Fontes: Salonline; Estado de Minas; Tudo Rondônia; BBC