dating déjà vu

Dating déjà vu: o que é e como funciona esse comportamento?

A maioria das pessoas tem um tipo específico que mais as atrai. É comum sentir-se atraído por pessoas com traços físicos ou personalidades similares, mesmo depois de uma experiência negativa. Esse comportamento é conhecido como dating déjà vu e, embora seja frequentemente criticado por amigos e familiares, muitas vezes é difícil de evitar.

Existem razões psicológicas por trás desse padrão de atração por pessoas semelhantes àquelas que já nos fizeram mal. Esses motivos vão muito além dos julgamentos superficiais e envolvem questões emocionais e comportamentais mais profundas. Diante desse cenário, trazemos mais detalhes e explicações sobre o fenômeno a seguir.

O que é dating déjà vu?

“Dating” é um termo inglês para definir um encontro romântico, muito utilizado em filmes e nas redes sociais. “Déjà vu” vem do francês e é aquela “sensação de já ter vivido algo semelhante no passado”. Esse termo é utilizado para definir os relacionamentos com pessoas parecidas com as que já nos envolvemos.

De acordo com a professora Jessica Maxwell, pesquisadora e psicóloga social da Universidade McMaster em Ontário, no Canadá, o dating déjà vu vem da suposição de longa data de que “todos nós temos um tipo preferido. Essa é uma teoria que ela diz ser apoiada por diversos estudiosos do assunto, inclusive ela própria. “É verdade que algumas pessoas tendem a sair sempre com o mesmo tipo de parceiro e são atraídas pelo mesmo tipo de padrão de namoro”, disse a pesquisadora em uma entrevista à BBC News Mundo.

Leslie Becker-Phelps, psicóloga e autora do livro Insecure in Love (Inseguro no Amor, em tradução livre), também explicou sobre o termo. Ela diz que geralmente falamos em dating déjà vu quando um indivíduo repete seus relacionamentos problemáticos. No entanto, não quer dizer que eles buscam somente as experiências negativas.

“Você pode ter se apaixonado perdidamente por alguém e querer repetir essa história de amor saudável”, disse. Ainda de acordo com a especialista, na psicologia há pacientes que repetem padrões ao longo da vida, algo que no mundo do namoro é mais comum ainda.“Temos a tendência de procurarmos pessoas com características semelhantes e nos apaixonamos por elas porque nos sentimos confortáveis com o que nos é familiar”, continuou.

Leslie acrescentou ainda que, numa situação saudável, alguém pode ser atraído por uma qualidade positiva, como empatia, bondade, generosidade, e no final os relacionamentos funcionam. “Mas algumas pessoas são atraídas por dinâmicas e características que são tóxicas para elas e é aí que isso se torna um problema”.

Por que ocorre o dating déjà vu?

A resposta para esse comportamento pode estar no instinto da familiaridade. O modo como abordamos o amor na vida adulta é extremamente moldado pela maneira como experimentamos o amor ainda na infância.

Ana Suy, psicanalista e professora da PUCPR (Pontifica Universidade Católica do Paraná), disse que, com frequência, tendemos a repetir os bons e maus relacionamentos que vivemos com nossos pais ou cuidadores, mesmo em uma idade supostamente “avançada” e “madura”.

“Alguns se fixam mais nesses moldes, outros têm mais recursos para se desprender da fixação nos primeiros amores. Mas amar tem sempre algo de nos convocar ao infantil”, disse ela. Segundo a especialista, não é por acaso que pessoas apaixonadas se tratam por apelidos, muitas vezes infantis. “Amar se aproxima muito de cuidar. Então, num relacionamento saudável, ora cuidados, ora somos cuidados. Mas a gangorra pode pender mais para lá ou para cá, a depender do histórico de cada um e dos efeitos que promovem os encontros”.

Sendo assim, a escolha de nos aproximar de uma pessoa que gostamos não se deve apenas a critérios racionais, que possam ser descritos facilmente pela consciência. “É comum, por exemplo, que uma moça que teve um pai ausente sempre se relacione com homens que a abandonara”, disse Livia Castelo Branco, psiquiatra da clínica Holiste, de Salvador. Ela ainda afirmou que as nossas relações são baseadas tanto nas figuras que costumamos nos identificar na infância quanto nas experiências que observamos ao nosso redor. “É por isso que uma pessoa criada em um ambiente violento pode ter dificuldade de entender que o amor pode ser pacífico, e sem querer criar condições para um relacionamento instável”, completou.

Como quebrar o padrão do dating déjà vu?

De acordo com Becker-Phelps, uma das principais atitudes a tomar para deixar de se apaixonar pelo mesmo tipo de pessoa, quando isso é problemático, é ter consciência do quão mal isso pode fazer e a autocompaixão. “Se você tiver consciência de que está repetindo um padrão que não combina com você, e fizer isso com autocompaixão, sem se culpar e sem sentir mal, poderá antecipar e evitar repetir o mesmo erro”.

Quando um indivíduo identifica o padrão, ele pode calibrar suas opções e decidir se deseja ou não embarcar em outra aventura semelhante à passada ou buscar por algo diferente, que poderia ser mais saudável. Maxwell também recomenda autoconsciência e terapia para parar de cometer o mesmo erro. A psicóloga disse que a chave para uma relação saudável e bem-sucedida é estar com uma pessoa sensível que entenda às duas necessidades. “Alguém amoroso que tenta te entender e te apoiar, e que te dá validação”.

Maxwell acredita ainda que devemos deixar de lado a ideia de que é possível encontrar a sua “alma gêmea” ou “cara-metade” com quem vamos compartilhar todos os gostos. “É importante entender que não existe apenas um tipo de pessoa com quem você pode ser feliz e que é preciso ter a mente aberta para encontrar a felicidade”.

Fontes: BBC; ABJ Notícias; UOL; O Tempo; Capricho; UOL

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